segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Por tu

Hoje de manhã,minha mãe me disse o quanto que estou afastada de Deus.
E eu,impaciente,não a olhei nos olhos.
Na verdade,já não tenho olhado nos olhos de alguém firmemente há tempos; E faz mais tempo ainda que deixei a futilidade feminina de lado,o meu querido tempo de estudante de Jk guardado,e esquecendo diariamente o que não possui troca verdadeira em mim.
Fiquei com o Marxismo,me permiti arriscar-me todos os dias por um sorriso,adotei o lapiano para o meu prazer,peguei a vadiagem como companheira. Deixei que a política me alimentasse, e percorri nas ruas do Centro para me convencer que gente de verdade,é aquela que se entrega pelo próximo. Vi a gota de suor pingando pela testa do proletariado. Chorei tantas vezes por sentir que enquanto o tempo passa,não terei a oportunidade de chorar de alegria. Vejo a minha gente chorando,enquanto eu pago 120,00 para a inscrição da PUC. Andei e ando pelo Rio permitindo que me fascinem os que já foram fascinados um dia e me convenci que fascinação supera o tesão. Dura um pouco mais e o prazer é contínuo.

Deixei os amores me consumirem á ponto de tomar para mim todo o exagero e mistura da intensidade. E minha alma só soube absorver vida por vida,toque por toque,palavra por palavra,beijo por beijo,transa por transa.Tomei os momentos para a nostalgia, a saudade me abraça sempre quando quer chegar, e sorrio,para que o pranto logo em seguida brote naturalmente.. Vesti sem querer o papel de muitas que vi e se foram. Vejo as meninas de hoje perdendo todo o encanto inocente,assim como muitas da minha idade podem gritar e não gritam. Discursos feministas me irritam. Mas a mulher brasileira foi forte demais para ter vergonha de dizer que é mãe solteira, que se masturba, que é a favor do sexo casual, que bebe cerveja e tequila toda sexta á noite quando sai do trabalho.

Fui sincera muito cedo...quebrei cada projeção comprada que teria que ser minha.
Aprendi a me afogar na intensidade sozinha, e só compartilhá-la com quem a engole junto á ti.
Tomei como ocupação sorrir pro lapiano nos Arcos,permiti que este se encantasse pelo sorriso que sei abrir e pelo tom das palavras que sei dizer. Acabei tornando o coração vagabundo,e em meio á tanta gente que sabe o que quer, virei a projeção de ser apaixonante,sem possuir nenhum atributo ou bem que me faça juz á tal ocupação.
Desci a ladeira de Santa tereza correndo e rindo sem ter motivo algum. Desmembrei diversos pedaços de cada um que passou por mim. Me apaixonei e ainda me apaixono em cada esquina.
Peguei o amor para me acobertar seja de prazer,proteção ou sentimentalismo. Deixei-o constituir-se da maneira que ele quisesse,e hoje sou feita de sê-lo e distribuí-lo. E sempre o dei uma segunda chance,sempre.

Vi que até a paixão necessita de estratégia.
Tentei encontrar em muitos apenas um.
Passei a amar a malandragem para esquecer do tradicionalismo.
E o quanto queria agradecê-lo hoje por apenas existir.

Vi também o quanto já estou cansada e o quanto ainda sou nova para fazer alguma afirmação.