quinta-feira, 3 de junho de 2010

retrocesso ( II )

“Eu nunca te disse, mas agora saiba, nunca acaba, nunca”.

Sei que você emudece rezando para estar surdo, sei que fico me repetindo horas e; é, já sei, tudo volta. Quero tanto poder ainda te fascinar e apesar da gente se gostar, o relacionamento acaba. Não entendo bem de lógica também.

Eu não posso me deixar, não há formula, é só um jeito sem jeito. Amor, não quero me separar.

Não! Estou te falando. Tenho certeza, hedonismo eu já tentei e sei que não dá; na amizade também não dá, dura muito, mas acaba também. Romance você já experimentou e sabe como é, acaba rápido e totalmente sem romantismo. Na boemia não dá, não sabemos falar da verdade e nem enganar direito um ao outro. Acho que não dá. Feliz é mentir, tristeza é tortura, relacionamento aberto é mentira, casamento é moralismo.

Sabe qual é a tragédia da vida? O amor começa num estalo e dura para sempre. Já o relacionamento nasce com o tempo e morre nele mesmo. Nada versa o amor, ele é muito verborrágico. Nada versa, nem o tempo e nem essa pressa, essa velocidade das coisas, nada o afeta. - Sim, amor, a gente vai se separar. – Eu quero a calmaria das coisas, essa velocidade me assusta. Você ainda estará comigo quando a gente não estiver mais junto? Eu sei que é uma pergunta difícil. – Posso passar na sua casa, mesmo depois do fim, para você falar daquelas músicas que gosta? – O amor tem o seu próprio tempo. – Então, antes de ir, grava uns filmes pra mim? E no cinema, poxa, vai comigo? Eu quero a velocidade das coisas, essa calmaria me assusta.

Já separei uns sonetos para ler que falam sobre isso. Por que? Não sei. Nem sei se ajuda. Caetano canta mesmo separando as sílabas, ouviu? "– Você está chorando? Ah! Pensei, desculpa. Tudo bem, desculpa por pedir desculpa." - Quando a gente terminar vou escrever como dói te perder.

Queria correr para dentro de você, mas me sinto numa esteira. – Meio sentimentalista, né? Tentei te guardar, mas nada mais parece caber aqui em casa; sim, eu sei, tenho feito coisas demais, tenho dito coisas demais, tenho negado sorrisos demais, tenho tido calma demais, tenho vivido tempestades demais. Mas não queria nada disso.

"– Cara, vivo numa confusão!"; Nunca me agradou a eternidade disso. Não tem lógica. E estava tão perto,tão perto do caminho de acreditar.Fico me escondendo por trás das coisas que não gosto tentando me convencer que realmente gosto disso. Tá vendo, fazemos a mesma coisa. Você do seu jeito e eu do meu. É, tem razão. Eu deveria mesmo viver umas aventuras. Mas sempre desconfio do interesse que demonstram por mim; lembra? Com você não foi diferente. Enfim, sei que deve ser aquela minha típica mania. Não é ironia, não. Aquela mania de dar muita importância para o que não tem importância nenhuma. Na corda bamba da falsa segurança que eu acredito ter. E naquele antigo costume de fugir; fugir escondido, sem ninguém ver. Ir saindo, esvaindo, esvaindo, esvaindo...

(WR)