segunda-feira, 28 de junho de 2010

Á nós

Depois que o meu cheiro já tinha se perdido entre as muitas folhas das árvores mais copadas,era então que se recolhia a toalha,antes estendida por cima da relva calma. E eu podia acompanhar,assim recolhida junto a um tronco mais distante,os preparativos da tua entrega para atingir meu corpo. Os movimentos irriquietos do teu movimento masculino para assentir a sedução. Entre á mim . Com meu vestido leve e claro,cheio de promessas de amor,suspensas na pureza de um amor maior.Correndo com graça.Cobrindo o teu semblante com risos.

Na modorra das tardes vazias da fazenda,era num sítio,lá no bosque,que eu escapava aos olhos apreensivos da tua gula. Amainava a febre dos meus pés na terra úmida,cobria meu corpo de folhas e,deitada á sombra eu dormia na postura quieta de uma planta enferma,vergada ao peso de um botão vermelho. Não eram duendes aqueles troncos todos ao meu redor,velando em silêncio e cheios de paciência ao meu sono adulto? Que urnas tão antigas eram essas liberando as vozes protetoras que me chamavam na varanda?
De que adiantavam aqueles gritos,se mensageiros mais velozes,mais ativos,montavam melhor o vento,corrompendo os fios da atmosfera?
Meu sono,já maduro,seria colhido com a volúpia religiosa com que se colhe um pomo. E me lembrei que a gente sempre ouvia nos sermões do pai, que "os olhos são a candeia do corpo". E se eles eram bons,é porque o corpo tinha luz. E se os olhos não eram limpos,é que eles revelavam um corpo tenebroso.

(LA)